Veja como a terapia no trabalho ajuda a prevenir burnout, fortalecer a saúde mental e reter talentos com mais eficiência nas empresas.
A crescente pressão no ambiente profissional tem elevado significativamente os casos de esgotamento entre os trabalhadores brasileiros.
Nesse cenário, a terapia no trabalho emerge como uma ferramenta estratégica para empresas que buscam proteger a saúde mental de seus colaboradores e, consequentemente, manter a produtividade organizacional.
Este artigo exclusivo, elaborado pelos especialistas da Unolife, explora como intervenções terapêuticas no ambiente corporativo podem prevenir a síndrome de burnout, beneficiando tanto funcionários quanto organizações.
O cenário alarmante do burnout no Brasil
O Brasil enfrenta uma situação crítica quando se trata de saúde mental no trabalho.
De acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANMT), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, colocando o país na segunda posição mundial em número de casos, atrás apenas do Japão, que lidera com um índice de 70%.
Os dados da Previdência Social são igualmente preocupantes. Em 2023, foram registrados 421 afastamentos por burnout, representando o maior número dos últimos dez anos no Brasil.
O crescimento em comparação a 2019 foi de impressionantes 136%, enquanto na última década esse aumento chegou a quase 1.000%. Ainda mais alarmante é a estimativa de que 40% das pessoas economicamente ativas no país sofram com esta síndrome.
O impacto do burnout transcende o âmbito individual. Em 2023, o Ministério da Previdência Social registrou que 27 trabalhadores eram afastados diariamente devido a transtornos mentais e comportamentais relacionados ao trabalho, totalizando 10.028 auxílios-doença concedidos por essa razão.
Esses números refletem apenas os casos oficialmente documentados, sugerindo que a realidade pode ser ainda mais grave.
Entendendo o burnout sob a ótica da OMS
Em 2025, o Brasil adotou oficialmente a 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que reconhece a Síndrome de Burnout como doença ocupacional, sob o código QD85.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o burnout é “uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”.
A síndrome se caracteriza por três dimensões principais:
- Sentimentos de exaustão ou esgotamento de energia.
- Aumento do distanciamento mental do trabalho ou sentimentos de negativismo relacionados à atividade profissional.
- Redução da eficácia profissional.
É importante ressaltar que o burnout se refere especificamente ao contexto ocupacional, não devendo ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.
Terapia no trabalho como estratégia preventiva
A implementação de programas de terapia no trabalho representa uma abordagem proativa para combater o burnout antes que ele se manifeste em sua forma mais severa.
Tais iniciativas visam não apenas tratar os sintomas já existentes, mas principalmente criar um ambiente onde os colaboradores desenvolvam resiliência emocional e ferramentas para lidar com o estresse diário.
O tratamento psicoterápico para prevenção do burnout pode incluir diversas técnicas, como exercícios de relaxamento muscular e respiração, que ajudam a gerenciar momentos de alta pressão.
A terapia cognitivo-comportamental tem se mostrado particularmente eficaz, auxiliando os indivíduos a identificar e modificar padrões de pensamento negativos relacionados ao trabalho.
Estudos internacionais revisados demonstram que intervenções no local de trabalho, incluindo abordagens terapêuticas, podem ser efetivas na melhoria da capacidade laboral, bem-estar, saúde geral e desempenho profissional dos trabalhadores.
Embora os efeitos geralmente sejam modestos e de curta duração, a implementação continuada dessas intervenções apresenta resultados consistentes na redução dos fatores de estresse psicossocial e burnout.
Benefícios da terapia para empresas e funcionários
A terapia no ambiente corporativo gera benefícios tangíveis tanto para colaboradores quanto para organizações.
Um levantamento revelou que funcionários que fazem terapia tendem a permanecer 30% mais tempo nas empresas. Mais especificamente, trabalhadores que realizaram mais de quatro sessões terapêuticas permaneceram pelo menos 363 dias na organização, enquanto os demais ficaram apenas 278 dias em média.
A cada 4-5 sessões concluídas, observou-se um aumento de aproximadamente um mês na permanência no emprego.
Empresas que investem em saúde mental apresentam um Índice de Bem-Estar Corporativo (IBC) superior à média nacional: 74 pontos em uma escala de 0 a 100, enquanto a média brasileira é de 61,7.
Esses números evidenciam que o investimento em programas terapêuticos não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma estratégia de negócios com retorno mensurável.
Entre os principais benefícios observados estão:
- Redução do estresse e da ansiedade.
- Aumento da produtividade e motivação.
- Melhoria do clima organizacional.
- Diminuição do absenteísmo.
Além disso, a terapia contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais que impactam positivamente as relações interpessoais no ambiente de trabalho.
O acesso facilitado a terapeutas online tem revolucionado a forma como as empresas implementam programas de saúde mental.
Essa modalidade permite que os colaboradores realizem suas sessões em horários flexíveis e locais de sua preferência, incluindo a própria empresa em salas reservadas para esse fim. Um estudo da Universidade de Zurique sugere que, em alguns casos, os atendimentos online podem ser até mais efetivos que os presenciais.
A terapia online cria um ambiente sigiloso e seguro, onde o funcionário pode falar abertamente sobre problemas que o afligem no trabalho sem preocupações com julgamentos.
A eliminação da necessidade de deslocamento também representa uma economia de tempo significativa, facilitando a adesão aos programas terapêuticos mesmo em rotinas aceleradas.
Implementando programas terapêuticos nas organizações
Para implementar a terapia no trabalho de forma eficaz, as empresas precisam adotar uma abordagem estruturada que inclua a identificação precoce de sinais de burnout.
Gestores adequadamente capacitados desempenham papel fundamental nesse processo, criando uma cultura de abertura onde os funcionários se sintam seguros para discutir suas preocupações.
Pesquisas regulares de clima organizacional ajudam a detectar problemas potenciais antes que se agravem, permitindo ajustes nas políticas internas para oferecer melhor suporte.
O desenvolvimento de um ambiente de trabalho positivo, com políticas de trabalho flexíveis que permitam melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional, também é crucial na prevenção do burnout.
As intervenções terapêuticas devem ser personalizadas de acordo com as necessidades específicas de cada colaborador.
Para isso, é importante contar com profissionais qualificados que possam avaliar a população da empresa e desenhar trilhas de cuidado específicas, que podem incluir consultas terapêuticas, conteúdos educativos e exercícios práticos.
Conclusão
A terapia no trabalho representa uma das mais eficientes estratégias para prevenir o burnout corporativo, problema que atinge proporções epidêmicas no Brasil.
Os dados compartilhados ao longo deste artigo pela Unolife evidenciam que investir na saúde mental dos colaboradores não é apenas uma questão de bem-estar, mas também uma decisão estratégica com impacto direto nos resultados organizacionais.
À medida que as empresas reconhecem a importância de proteger seu capital humano, a terapia no ambiente corporativo deixa de ser um benefício diferencial para se tornar uma necessidade fundamental.
Organizações que implementam programas terapêuticos eficazes estão não apenas prevenindo o burnout, mas construindo um ambiente de trabalho mais saudável, engajado e produtivo para todos.