Mitos sobre Psicoterapia

Mitos sobre psicoterapia

Desvende mitos sobre psicoterapia e entenda como o tratamento realmente funciona para promover saúde mental.

A psicoterapia representa um pilar fundamental para a promoção da saúde mental, especialmente em um país como o Brasil, que segundo a Organização Mundial da Saúde, possui a maior proporção de pessoas ansiosas do mundo: 9,3% da população.

Somos o segundo país das Américas com maior prevalência de depressão. Apesar de sua comprovada eficácia, muitos mitos e equívocos sobre o processo terapêutico ainda persistem na sociedade, criando barreiras que impedem as pessoas de buscarem ajuda profissional.

Esses mitos sobre psicoterapia contribuem para que apenas 5,1% dos brasileiros façam terapia, enquanto 16,6% recorrem exclusivamente a medicamentos psicotrópicos.

Este artigo, elaborado pela equipe da Unolife, explora e desmistifica algumas das concepções errôneas mais comuns sobre a prática terapêutica, apresentando dados baseados em pesquisas recentes realizadas no Brasil e em outros países.

Mitos sobre psicoterapia que afastam as pessoas

Confira abaixo os principais mitos sobre psicoterapia:

1. “Quem busca terapia é fraco, doente ou louco”

Este é talvez o mito mais persistente e prejudicial sobre a psicoterapia. Muitas pessoas evitam buscar ajuda psicológica por temerem o estigma associado à saúde mental.

Na realidade, buscar apoio terapêutico é um sinal de força e autocuidado, não de fraqueza.

Dados do Instituto Cactus e AtlasIntel mostram que os jovens, estudantes, pessoas com maior escolaridade e renda são os que mais utilizam serviços de psicoterapia no Brasil, demonstrando uma mudança gradual nesta percepção, especialmente entre as novas gerações.

2. “O psicólogo apenas escuta e faz anotações”

Outro equívoco comum é acreditar que os psicólogos se limitam a ouvir passivamente seus pacientes.

Na verdade, os profissionais de psicologia utilizam diversas técnicas e intervenções específicas baseadas em evidências científicas.

Durante as sessões, o terapeuta realiza uma escuta qualificada e ativa, conduzindo o paciente a reflexões e auxiliando no desenvolvimento de estratégias para lidar com seus desafios.

3. “Conversar com amigos tem o mesmo efeito da terapia”

Embora o apoio social seja importante para a saúde mental, o diálogo com amigos e familiares não substitui o trabalho de um profissional especializado.

A psicoterapia é fundamentada em teorias científicas e técnicas específicas, e o psicólogo proporciona um ambiente sem julgamentos, mantendo sigilo profissional.

Além disso, o terapeuta possui qualificação para identificar padrões de pensamento e comportamento que muitas vezes passam despercebidos nas relações pessoais.

4. “Se estou tomando remédios prescritos pelo psiquiatra, não preciso fazer psicoterapia

Um dado preocupante revelado por pesquisas recentes é o desequilíbrio entre o uso de medicamentos psicotrópicos e a prática da psicoterapia no Brasil.

Segundo o levantamento do Instituto Cactus e AtlasIntel, enquanto apenas 5,1% dos brasileiros fazem tratamento com psicoterapia, 16,6% da população utiliza medicamentos contínuos para problemas emocionais ou comportamentais – sendo que 77,7% destes o fazem há mais de um ano.

Na verdade, a combinação de tratamento medicamentoso e psicoterapêutico geralmente apresenta resultados superiores ao uso isolado de qualquer uma dessas abordagens.

Enquanto os medicamentos podem aliviar os sintomas, a psicoterapia ajuda a pessoa a compreender as causas de seu sofrimento e desenvolver recursos para lidar com eles de forma duradoura.

5. “A psicoterapia é um processo infinito”

Esse é outro mito que afasta muitas pessoas do tratamento psicológico. É importante saber que a duração do processo terapêutico varia conforme a complexidade das questões trabalhadas, a abordagem teórica utilizada e o comprometimento do paciente.

Muitas pessoas experimentam benefícios significativos em poucas sessões, enquanto outras necessitam de um acompanhamento mais prolongado.

De acordo com os dados disponíveis, entre as pessoas que fazem psicoterapia no Brasil, 56,9% frequentam as sessões há mais de um ano. Isso não significa que o processo seja interminável.

O objetivo da terapia é justamente proporcionar autonomia ao paciente, fornecendo ferramentas para que ele possa lidar com seus desafios sem a dependência constante do terapeuta.

6. “A psicoterapia beneficia apenas pessoas com transtornos mentais graves”

Na verdade, a terapia pode auxiliar qualquer pessoa que deseje melhorar seu autoconhecimento, desenvolver habilidades socioemocionais ou enfrentar desafios cotidianos.

Desde o início da pandemia de COVID-19, observou-se um aumento significativo na busca por serviços de psicologia online, com a expansão da modalidade de atendimento online facilitando esse acesso.

Os atendimentos psicológicos online, que passaram da média mensal de 12 mil no começo de 2020 para cerca de 40 mil em julho de 2021 (um aumento de 230%), mostram que a tecnologia está democratizando o acesso à saúde mental.

A eficácia dos tratamentos psicoterápicos realizados pela internet tem sido comprovada por diversos estudos científicos, com resultados equivalentes aos da terapia presencial para uma série de transtornos.

A modalidade online oferece vantagens como maior praticidade, comodidade, agilidade no atendimento e economia de tempo e dinheiro por eliminar deslocamentos.

No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia regulamentou essa prática através da Resolução CFP 11/2018, garantindo que os psicólogos online sigam os mesmos padrões éticos e de qualidade dos atendimentos presenciais.

A psicoterapia ao redor do mundo

Os mitos sobre psicoterapia não são exclusividade brasileira.

Um estudo publicado no Journal of Affective Disorders revela disparidades significativas nas taxas de tratamento para depressão em diferentes regiões: 48,3% em países de alta renda, 21,4% em países de renda média e apenas 16,8% em países de baixa renda.

Esses números refletem não apenas diferenças no acesso aos serviços, mas também nos estigmas culturais associados à saúde mental.

Mesmo nos países desenvolvidos, onde o acesso à psicoterapia é mais difundido, pesquisas indicam que muitas pessoas recebem tratamentos inadequados ou incompletos.

Segundo estudos internacionais, apenas cerca de 40% das pessoas em tratamento recebem o que se considera “tratamento minimamente adequado” para suas condições psicológicas, mostrando que, além de combater os mitos sobre psicoterapia, é necessário também garantir a qualidade dos serviços oferecidos.

Conclusão

Desmistificar as concepções errôneas sobre a psicoterapia é fundamental para promover uma cultura de cuidado com a saúde mental.

Os dados compartilhados ao longo deste artigo pela equipe da Unolife mostram que, mesmo com o aumento gradual na busca por atendimento psicológico, especialmente com a expansão da modalidade online, ainda existe um longo caminho a percorrer para que mais pessoas se beneficiem desse recurso terapêutico.

As pesquisas revelam que a psicoterapia continua sendo menos acessada do que o tratamento medicamentoso no Brasil, o que pode estar relacionado à persistência de mitos e à falta de conhecimento sobre seus benefícios.

O Sistema Único de Saúde (SUS) realizou quase 13,9 milhões de atendimentos psicológicos apenas nos primeiros seis meses de 2024, mostrando um avanço importante no acesso a esses serviços.

É necessário reconhecer a psicoterapia como uma ferramenta valiosa para o bem-estar emocional, independentemente da gravidade dos problemas enfrentados, e incentivar políticas públicas que ampliem seu acesso à população em geral.

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