Dieta e Saúde Mental: Qual a Relação Real?

Dieta e saúde mental

Entenda a relação entre dieta e saúde mental, influenciando desde o humor cotidiano até condições clínicas como depressão e ansiedade.

A relação entre dieta e saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque nas pesquisas científicas, revelando que o que colocamos no prato pode influenciar diretamente o funcionamento do cérebro e o equilíbrio emocional. 

Estudos recentes mostram que uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes essenciais como ômega-3, vitaminas do complexo B, vitamina D, magnésio e zinco, está associada à redução dos sintomas de ansiedade e depressão, além de contribuir para a prevenção de distúrbios alimentares. 

Por outro lado, dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em nutrientes tendem a aumentar o risco de problemas psicológicos, afetando negativamente o humor, a cognição e a qualidade de vida. 

Nesse contexto, compreender a real ligação entre dieta e saúde mental é fundamental para promover hábitos alimentares mais saudáveis e integrados ao cuidado emocional, tornando a alimentação uma aliada importante na busca pelo bem-estar e pela saúde mental duradoura.

A equipe de especialistas da Unolife preparou esse conteúdo especial para mostrar em detalhes a relação entre o que comemos e como nos sentimos! Vale a pena conferir!

A interação entre dieta e saúde mental: mecanismos biológicos

A conexão entre dieta e saúde mental acontece por diversos mecanismos biológicos. Um estudo publicado em 2023 identificou quatro vias principais:

  1. A microbiota intestinal participa ativamente da síntese de neurotransmissores como GABA, Dopamina e Norepinefrina, influenciando diretamente processos relacionados ao estresse, cognição e transtornos afetivos.
  2. A inflamação crônica, frequentemente provocada por padrões alimentares inadequados, também contribui para desregulação na síntese de neurotransmissores e aumento do estresse oxidativo.
  3. O chamado “eixo intestino-cérebro” representa uma comunicação bidirecional complexa que permite que nossa alimentação interfira diretamente no funcionamento cerebral.
  4. Efeitos diretos dos nutrientes, onde dietas com alto teor em alimentos ultraprocessados e baixas em qualidade nutricional estão consistentemente associadas a maior risco de depressão e ansiedade.

Padrões alimentares e seu impacto na saúde mental

Entre os padrões alimentares mais estudados, a dieta Mediterrânea se destaca pelos benefícios à saúde mental.

Uma meta-análise publicada em 2024 analisou cinco ensaios clínicos randomizados e concluiu que “intervenções com dieta Mediterrânea parecem ter potencial substancial para aliviar sintomas depressivos em pessoas com depressão maior ou depressão leve a moderada”.

A redução no risco relativo foi de 0,67 (IC 95%: 0,55-0,82) quando comparada a grupos controle.

Estudos observaram também que dietas anti-inflamatórias estão associadas a menor incidência de depressão, com risco relativo de 0,76 (IC 95%: 0,63-0,92).

Por outro lado, indivíduos que consomem maior quantidade de óleos e gorduras apresentam mais sintomas depressivos, enquanto aqueles que incluem mais vegetais, frutas e peixes em sua alimentação mostram melhor saúde mental.

Nutrientes específicos também desempenham papéis determinantes: o ômega-3, vitaminas do complexo B, vitamina D, magnésio e zinco têm demonstrado efeitos benéficos significativos na saúde mental.

Pesquisadores do Reino Unido e da Itália confirmaram que dietas ricas em vegetais, frutas e peixes estão associadas à redução de sintomas depressivos ao longo de cinco anos.

Nutrição e saúde mental: entenda o cenário brasileiro

O Brasil apresenta o maior índice de depressão na América Latina, sendo o segundo país com maior prevalência nas Américas, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Dados da Pesquisa Vigitel 2021 revelam que 11,3% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de depressão, com maior incidência entre mulheres (14,7%) do que homens (7,3%).

Comparando com a Pesquisa Nacional de Saúde, houve um aumento preocupante na prevalência de depressão no país, passando de 7,6% em 2013 para 10,2% em 2019.

Em resposta a essa realidade, pesquisadores brasileiros têm investigado soluções locais. O Grupo de Pesquisa Alimentos, Nutrição e Saúde Mental, criado em 2024 no Instituto de Estudos Avançados da USP, estuda o potencial de alimentos nativos brasileiros, como o guaraná, na proteção da saúde mental.

O objetivo é desenvolver recomendações para políticas públicas que integrem alimentação e saúde mental, considerando alimentos acessíveis à população brasileira.

Um estudo realizado na cidade de São Paulo encontrou correlações entre hábitos alimentares e sintomas depressivos, destacando que “indivíduos que consomem uma dieta balanceada têm menos chances de apresentarem sintomas depressivos”.

A pesquisa demonstrou que pessoas sem sintomas depressivos consomem maior quantidade de vegetais, enquanto aquelas com sintomas ingerem mais óleos e gorduras.

Abordagem integrada

Com o reconhecimento crescente da relação entre dieta e saúde mental, profissionais da saúde têm adotado abordagens mais integradas.

De acordo com a Unolife, nutricionistas e psicólogos trabalham cada vez mais em colaboração, reconhecendo que intervenções nutricionais podem complementar tratamentos convencionais para transtornos mentais.

A pandemia acelerou significativamente o acesso a atendimentos psicológicos remotos, saltando de 12 mil no início de 2020 para cerca de 40 mil em julho de 2021.

Atualmente, 168 mil psicólogos estão habilitados para atendimento online no Brasil, representando cerca de 40% dos profissionais cadastrados no conselho federal.

Esse crescimento na disponibilidade de psicólogos online facilitou o acesso a orientações profissionais sobre saúde mental, incluindo recomendações sobre dieta.

Muitos profissionais agora integram considerações nutricionais em suas abordagens terapêuticas, especialmente para pacientes com transtornos de humor e ansiedade.

Conclusão

As evidências científicas confirmam que a relação entre dieta e saúde mental é real e significativa.

Padrões alimentares como a dieta Mediterrânea, rica em vegetais, frutas, peixes e grãos integrais, demonstram benefícios consistentes para a saúde mental, enquanto dietas inflamatórias e ricas em alimentos ultraprocessados estão associadas a piores desfechos.

No Brasil, onde os índices de depressão são alarmantes, a integração de estratégias nutricionais ao tratamento convencional representa uma oportunidade importante para políticas públicas de saúde mental.

O crescimento da psicologia online facilita essa abordagem integrada, permitindo que mais brasileiros tenham acesso a orientações profissionais.

É fundamental que profissionais de saúde reconheçam a alimentação como componente essencial para a saúde mental, não apenas como complemento, mas como parte integral do tratamento e prevenção de transtornos mentais.

Como destaca a ciência atual, cuidar do que comemos é, também, cuidar da nossa mente!

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